segunda-feira, 9 de março de 2015

Agulha Revista de Cultura | Fase I | Número 70 | Editorial


Aline Daka
ÚLTIMO EDITORIAL


Agulha cumpre com esta edição um ciclo de 10 anos. Até aqui, foram 70 números. Significa dizer, considerando que em momentos fomos uma publicação mensal e em outros bimestral, uma média de 7 edições por ano. Também alternamos a quantidade de matérias publicadas ao longo de toda uma década, ora com 12, 15 ou mesmo 20 textos por edição – como neste último número –, o que nos leva à marca aproximada de 1.800 ensaios e entrevistas em 70 edições. Algo em torno de 80% desse material foi dedicado a temas latino-americanos, à criação artística e à cultura na América Latina. Não recuamos diante da complexidade ou densidade; preferimos o que está fora das pautas do mundanismo cultural, incluindo temas “malditos”, a começar pelo sistemático e detalhado exame do surrealismo; empreendemos o diálogo com a produção cultural da América Latina e do mundo hispânico e, ao mesmo tempo, nos entendemos como expressão da lusofonia, da criação em língua portuguesa. Por isso, Agulha circulou em português e espanhol, sendo talvez o único veículo assim constituído em toda a mídia eletrônica.
Cada número foi aberto por um editorial, acompanhando e comentado acontecimentos, da esfera artística e literária, e também política, além de contribuir para o debate sobre o alcance e conseqüências da Internet, acompanhando de perto a expansão do meio digital e do mundo virtual. Relendo o que foi escrito sobre o tema, percebe-se, pensamos, o equilíbrio: nem catastrofismo, nem messianismo salvacionista; quanto às críticas mais recentes à difusão de informações pela Internet, a própria recepção de Agulha é uma resposta aos profetas de mau agouro, aos que vêem a diversidade de utilizações da rede como acarretando a vulgarização e o rebaixamento de nível cultural – cabe até repetir a crítica, já feita aqui, a essa transferência de responsabilidades, das conseqüências de carências das políticas públicas educacionais e culturais e das mídias institucionalizadas para o mundo virtual, aquele das páginas, sítios, blogs e dispositivos de busca ou relacionamento.
Enfim, todos os números de Agulha, desde os iniciais até os mais recentes, continuam e continuarão atuais. Prova-o seu crescimento como fonte de pesquisas e consultas, a descoberta por leitores que, estabelecendo contato, passaram a integrar a lista dos seus destinatários. Com o aprimoramento dos dispositivos de consulta na Internet, quem pesquisar sobre uma série de autores e temas, encontra matérias de Agulha entre as primeiras opções nas extensas séries de páginas disponibilizadas por esses serviços. Assim, restrita ao meio digital, ao mesmo tempo ultrapassou esse meio.
Some-se a essas realizações o fato de que um dos editores da Agulha criou e segue coordenando, para o Jornal de Poesia, a Banda Hispânica (www.jornaldepoesia.jor.brwww.jornaldepoesia.jor.br/bhportal.html), banco de dados destinado à difusão de poesia de língua espanhola, abrangendo – até o momento – um total de 20 países e 550 poetas, o que significa cerca de 1.600 entrevistas e textos críticos dedicados à obra desses autores.
Assim Agulha realizou, em seus 10 anos de aventura editorial, o projeto que motivou sua existência: transformar-se em uma mesa de debate dos principais temas que envolvem a cultura e as artes em nosso tempo. Quando surgimos, não havia esse espaço na imprensa do Brasil. Virtual ou impressa, esta permanece quase de todo naufragada nas águas do entretenimento, sem oferecer ao público um espaço de reflexão, conhecimento, multiplicidade, e não apenas a informação de caráter comercial. Em geral, a imprensa trata seu público como mero cliente: é uma lástima que a área do chamado jornalismo cultural tenha adotado essa fórmula.
Ao longo dessa década e destes 70 números publicados, abordando os mais diversos temas, Agulha foi uma verdadeira prática de política cultural em um país mais afeito ao fuxico cultural. Ultrapassou a simples publicação de seus números: seus editores foram convidados para eventos literários em diversos países; definiu contratos editoriais, seja na área de poesia, ensaio ou tradução; formou parcerias com grupos editoriais também em âmbito internacional; ampliou o espaço de difusão de inúmeras revistas, inclusive com um intercâmbio de edições especiais dedicadas a alguns países
A trajetória de vida de Agulha é marcada por esse sentido singular de conquista e desbravamento. Não cortejamos o túmulo da glória. Arriscamo-nos sempre a difundir nomes de pouca circulação ou esquecidos, desde que não faltasse consistência a seu trabalho. Criamos uma Galeria de Revistas, espaço único na imprensa, tanto virtual quanto impressa, para a difusão e apresentação crítica de publicações similares. A cada edição apresentamos uma média de 50 obras do que chamamos de "artista convidado", buscando nomes, entre consagrados e até mesmo estreantes, em quase 20 países. Foram aprazíveis, valiosas e efetivas as relações alcançadas com colaboradores, leitores, instituições em todo este período. Evidentemente, o Brasil também participou dessa conjuntura, sobretudo no plano afetivo, apesar de nossa imprensa, em geral, ter-lhe dado mínima atenção, talvez apenas para confirmar o velho e perverso adágio popular de que santo de casa não obra milagre.
Concluir este ciclo editorial nos parece agora uma manifestação de compreensão do papel até aqui representado, e da consciência de que outros meios de prossegui-lo se apresentam como urgências que precisam ser atendidas. Agulha permanecerá, casa aberta aos visitantes do ciberespaço. O link será mantido, com a totalidade do seu acervo de matérias. Seus editores agradecem imensamente a contribuição de todos, pelo carinho da leitura, sugestões, envio de textos e consultas. Em particular, nosso agradecimento maior vai para Francisco José Soares Feitosa, que fundou e dirige o Jornal de Poesia, pioneiro em termos de utilização da Internet como veículo de circulação de poesia em todo o mundo, Feitosa que sempre nos apoiou de forma incondicional, ancorando a Agulha com toda sua amizade. Esse capítulo foi construído graças a um sentido inestimável de fraternidade. O que nos enche de felicidade o coração.
Abraxas

Os editores
Aline Daka
SUMÁRIO





betty milan: literatura, psicanálise e vida [entrevista]. claudio willer




Aline Daka
EXPEDIENTE
Fortaleza, São Paulo | Agosto de 2009

editores 
floriano martins & claudio willer
projeto gráfico & logomarca 
floriano martins
jornalista responsável 
soares feitosa 
jornalista - drt/ce, reg nº 364, 15.05.1964
correspondentes
todos os colaboradores
artista plástico convidado (óleos, desenhos, vária) 
aline daka
apoio cultural 
jornal de poesia
traduções 
éclair antonio almeida filho [inglês, francês & português]
floriano martins [espanhol & português]
gladys mendia [português & espanhol]

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